Clube de Leitura Ler para Tecer – Release 24º Encontro

Prezados(as) Associados(as)

No dia 27 de julho de 2023 foi realizado, por videoconferência, o vigésimo-quarto encontro do CLUBE DE LEITURA LER PARA TECER AEAMG.

Os contos “A festa de Babette” da escritora dinamarquesa, Karen Blixen e “A caolha” da autora brasileira Júlia Lopes de Almeida foram os textos discutidos pelos participantes do Clube de Leitura nesse encontro.

Sobre “A festa de Babette

A festa de Babette, um dos contos mais célebres de Karen Blixen, narra a história de duas senhoras puritanas, filhas de um pastor protestante, que vivem na costa da Noruega após a morte do pai. Até que recebem a visita de Babette, uma misteriosa francesa que, fugindo de Paris, lhes pede abrigo em troca de serviços domésticos. Babette é aceita no novo lar pois traz consigo uma carta de recomendação de Papin, velho amigo das senhoras que havia sido apaixonado por uma delas no passado. Um dia, Babette tira a sorte e ganha o bilhete premiado na loteria. É a possibilidade de retribuir o bem às irmãs, e ela o faz preparando um grande jantar para a comunidade local, com os mais refinados ingredientes, em homenagem ao pai de suas anfitriãs. Grandes mudanças na vida simples do vilarejo se apresentam a partir desse jantar.

A autora: Karen Blixen (17/04/1885 – 07/09/1962)

Karen Dinesen nasceu em Rungsted, Dinamarca. Após a morte do pai quando ela estava com dez anos, foi criada por mulheres extremamente religiosas. Casou-se com o barão sueco Bror Blixen em 1913 e foi morar com ele na África (Quênia), numa fazendo da café. Divorciou-se dele em 1925. Após vender a fazenda em 1931, retornou à Dinamarca, quando começou a escrever literatura. Estreou na literatura com nome masculino: Isak Dinesen. Somente após ter seus textos reconhecido adotou o nome Karen Blixen. Publicou contos e romances. Dentre eles: “Sete narrativas góticas” contos, em 1937 , “A fazenda africana ( Out of Africa) auto-biográfico; Em 1950: publicou “A festa de Babette” numa revista estadunidense; em 1957, publicou “Anedotas do destino”, com 5 contos, sendo um deles, A festa de Babette. “A festa de Babette” e “A fazenda africana/Entre dois amores” foram levados ao cinema.

Trechos de “A festa de Babette , copiados da edição: Karen Blixen (1885-1962). “A festa de Babette”. In: Anedotas do destino. Trad. Cássio de Arantes Leite. São Paulo: SESI/SP Editora, 2018.

“Depois, Martine disse: ‘Então vai ser pobre o resto da vida, Babette?

‘Pobre?’, disse Babette. Sorriu para si mesma ao ouvir isso. ‘Não, nunca vou ser pobre. Já lhes disse que sou uma grande artista. Uma grande artista, madames, nunca é pobre. Temos algo, madames, a respeito do qual as outras pessoas não fazem a menor ideia.” p.59-60

“Jamais em sua vida cantara como agora. No dueto do segundo ato – chamado o dueto da sedução – flutuava de emoção com a música celestial e as vozes celestiais. Quando a última nota comovente agonizou, agarrou as mãos de Philippa, puxou-a para junto de si e beijou-a solenemente, como um noivo beijaria a noiva diante do altar.” p.31

“Mesmo assim”, disse um irmão de barbas brancas, “a língua é um pequeno membro e jacta-se de grandes coisas. Não nasceu homem capaz de domá-la; é um demônio rebelde, cheio de veneno mortífero. No dia de nosso mestre, limparemos nossas línguas de todo paladar e as purificaremos de todo prazer ou aversão dos sentidos, resguardando-as e preservando-as para coisas mais elevadas de louvor e ação de graças.” p.44

Sobre “A caolha”

O conto fala da história de uma mulher alta, magra com mãos grandes e ossudas, estragadas pelo reumatismo. Seu aspecto causava terror às crianças e repulsão aos adultos, não muito pelo seu aspecto físico, mas principalmente porque lhe faltava o olho esquerdo. Morava numa casa pequena, paga pelo filho, Antonico, que desde pequeno sofria humilhações que por causa do defeito da mãe, era chamado de ‘o filho da caolha’.

A autora: Júlia Lopes de Almeida (24/09/1861 – 30/05/1934)

Júlia Valentim da Silveira Lopes de Almeida – nasceu no Rio de Janeiro/RJ. Filha de portugueses, viveu um tempo em Campinas/SP e em Portugal. Casou-se com um português, poeta Filinto de Almeida e retornou ao Brasil, estabelecendo-se no Rio de Janeiro.

Escreveu romances com traços realistas e naturalistas. Defendeu a educação para as mulheres, o voto feminino e o divórcio.

Foi a única mulher que participou da criação da ABL em 1897. Porém. Seu marido, Filinto de Almeida, é que foi indicado para ocupar uma cadeira na ABL. Escreveu para jornais, revistas, publicou em forma de folhetim. Considerada a melhor romancista da geração dela e a mais importante mulher escritora do país. Livros mais conhecidos: A falência (romance) e Ânsia Eterna” (contos), que contém o conto “A caolha”. O conto “A caolha” foi inserido no livro “Os cem melhores contos brasileiros do século”, de Italo Moricone, editado pela Objetiva, em 2001.

Trechos de “A caolha”, copiados da edição digital da “Coleção Escritoras do Brasil – Volume II, Senado Federal, 2020:

“A caolha era uma mulher magra, alta, macilenta, peito fundo, busto arqueado, braços compridos, delgados, largos nos cotovelos, grossos nos pulsos; mãos grandes, ossudas, estragadas pelo reumatismo e pelo trabalho; unhas grossas, chatas e cinzentas, cabelo crespo, de uma cor indecisa entre o branco sujo e o louro grisalho, desse cabelo cujo contato parece dever ser áspero e espinhento; boca descaída, numa expressão de desprezo, pescoço longo, engelhado, como o pescoço dos urubus; dentes falhos e cariados.”

“Daquele filho vinha-lhe todo o bem e todo o mal. Que lhe importava o desprezo dos outros, se o seu filho adorado lhe apagasse com um beijo todas as amarguras da existência?”

“Depois começou a desconfiar de outra causa: por fim recebeu uma carta em que a bela moreninha confessava consentir em ser sua mulher, se ele se separasse completamente da mãe! Vinham explicações confusas, mal alinhavadas: lembrava a mudança de bairro; ele ali era muito conhecido por filho da caolha, e bem compreendia que ela não se poderia sujeitar a ser alcunhada em breve de – nora da caolha, ou coisa semelhante!”

Comentários de leitores do clube de leitura:

“Ótimo encontro. Obrigada a todos.” “O encontro foi excelente.” “Ótimo encontro e ótima escolha dos contos.” “Excelente encontro p discussão dos contos sugeridos!” “Adorei as reflexões e posicionamentos por vermos de muitos lugares diferentes.” “Obrigada aos companheiros de leitura e à Terezinha pela condução.” “Obrigado ao grupo pela significativa participação de hoje.” “Dois contos que nos revelam a situação comum das autoras, buscando se lançar na literatura através do nome e da autoridade masculina.” “No assunto tratado, temos A Caolha com toques realistas, naturalistas, excesso de adjetivação, mas, sobretudo, um estudo psicológico da alma humana, de crueldades e bondades, de horrores e o amor materno, de dramas. Do outro lado, Karen Blixen vem nos pôr em contato com a tradição e o desafio, o conservadorismo e o outro vindo de fora, a reclusão e resistência à mudança diante da força criativa, a velha e a nova voz. Madame Babette, como o gênio engarrafado cresce diante das irmãs austeras e traz o fogo da transformação através da celebração ritualística…” “Dois contos! Gênero literário com texto mais curto e que nos gerou, também, tantas observações, sensações, sentimentos e reflexões! Encantei com os contos das escritoras e com nossos pontos!!! Pontos exclamativos, interrogativos, reticentes…Ainda sob o impacto da leitura, mas já dando um viva à literatura, um viva à arte que nos transporta e transforma!” “E muitos vivas ao nosso grupo, que completou 2 anos, 24 leituras, 24 encontros!” “Salve, salve a coordenação da Terezinha, que consegue nos unir há tanto tempo em torno dos livros e das ideias que eles nos despertam, das suas curiosidades, do seu conhecimento, das emoções.”

Para saber um pouco sobre as autoras:

Karen Blixen

Júlia Lopes de Almeida

Próximo livro e data prevista para a próxima discussão:

25º- Água fresca para as flores – 31/08/23

Autora: Valérie Perrin (francesa)

Os encontros são realizados nas últimas quintas-feiras de cada mês.

O tema do clube de leitura “LER PARA TECER AEA-MG” é a leitura de livros de romances escritos por autoras brasileiras e também estrangeiras.

“Um clube de leitura é um grupo de pessoas que leem o mesmo livro e se reúnem, de tempos em tempos, para conversar sobre cada uma das obras lidas. – Terezinha Pereira – Coordenadora do Clube de Leitura

Participantes do Clube de Leitura Ler para Tecer – Release 24º Encontro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Júlia Lopes de Almeida

 

 

 

 

 

 

Segurando o livro, a participante do Clube, Giovana A. C. de Oliveira

AEAMG