Clube de Leitura LER PARA TECER – 10º encontro

Prezados(as) Associados(as)

No dia 26 de maio de 2022, foi realizado, por videoconferência, o décimo encontro do Clube de Leitura LER PARA TECER AEA-MG. O livro discutido nesse encontro foi Hibisco Roxo, da autora nigeriana, Chimamanda Ngozi Adichie.

Sobre Hibisco Roxo:

Hibisco Roxo (2003), romance de estreia de Chimamanda Ngozi Adichie, mistura autobiografia e ficção e, de forma sensível e surpreendente, revela um panorama social, político e religioso da Nigéria e os reflexos hostis da colonização inglesa no país. A história se passa no período pós-colonial, época em que o país africano sofria com uma grave crise político-econômica. As Forças Armadas derrubaram o governo civil eleito democraticamente e iniciaram uma ditadura militar que durou por muitos anos. Revoltada, a população se manifestou contrária aos caminhos que o país seguia. Com isso, a repressão se intensificou. Os militares passaram a perseguir seus opositores. Com a censura e o estado de exceção constitucional, os casos de corrupção foram potencializados e a desigualdade social aumentou ainda mais.

Nesse cenário caótico, a narradora, Kambili, uma adolescente tímida e solitária de 15 anos, filha de Eugene Achike, um rico empresário da cidade de Enugu, tem sua rotina pautada pela mão opressora do pai. Em primeira pessoa, ela narra sua história e a de seus parentes mais próximos. Eugene, além de empresário de grandes indústrias e proprietário de um jornal, é um religioso fanático e repressor na família. Beatrice, sua esposa, Jaja, o filho de 17 anos, e Kambili são obrigados a respeitar suas rígidas ordens e a moral bíblica segundo sua interpretação. A fictícia harmonia da família Achike e o poder ilimitado de Eugene em seu lar são quebrados em um Domingo de Ramos, dia em que Jaja se rebela contra as imposições paternas, o que ocasiona sérias crises entre eles.

Trechos:

“Mas minhas lembranças não começavam em Nsukka, começavam antes, quando todos os hibiscos do nosso jardim da frente ainda eram de um vermelho chocante.”

Chimamanda Ngozi Adichie. Hibisco Roxo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.p. 22

“Golpes levavam a mais golpes, disse Papa, contando-nos sobre os golpes sangrentos dos anos 1960, que acabaram se transformando em uma guerra civil logo depois que ele deixou a Nigéria para ir estudar na Inglaterra. Um golpe sempre iniciava um ciclo vicioso. Militares sempre derrubariam uns aos outros simplesmente porque tinham como fazer isso e porque todos ficavam embriagados pelo poder.”

Chimamanda Ngozi Adichie. Hibisco Roxo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.p.30-31

“Mas o que nós, nigeriano precisávamos não era de soldados para nos comandar; precisávamos de uma democracia renovada. Democracia renovada.”

Chimamanda Ngozi Adichie. Hibisco Roxo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.p.31

“Quando terminamos, rezamos a oração da manhã na sala, uma série de rezas curtas pontuadas por canções. Tia Ifeoma rezou pela universidade, pelos professores e administradores e, por fim, pediu que encontrássemos a paz e o riso naquele dia. Quando estávamos fazendo o sinal da cruz, ergui o rosto para ver a expressão de Jaja, para ver se ele também estava perplexo em saber que tia Ifeoma e sua família pediam pelo riso em suas orações.”

Chimamanda Ngozi Adichie. Hibisco Roxo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p.137

(…) pois há certas coisas que acontecem e para as quais não podemos formular um porquê, para as quais os porquês simplesmente não existem e para as quais, talvez eles não sejam necessários.”

Chimamanda Ngozi Adichie. Hibisco Roxo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p.317

Sobre a autora:

Chimamanda Ngozi Adichie é considerada uma das escritoras mais influentes da atualidade. Ela nasceu em 1977, em Enugu, capital do estado homônimo que fica ao sul da Nigéria. Passou sua infância em Nsukka, cidade universitária de Enugu. Sua família é original da vila de Abba. Curiosamente, esses três locais foram usados como cenários de Hibisco Roxo. E essa não é a única “coincidência” entre ficção e realidade. Muitas passagens do romance se aproximam de fatos  Ivara Esege, um médico nigeriano, e tem uma filha.

Hibisco Roxo inaugura a fase mais importante da carreira literária de Chimamanda Ngozi Adichie: a de romancista. Antes do lançamento desta obra, a nigeriana já havia produzido contos, poesias e peças teatrais. Alguns desses trabalhos foram premiados na Nigéria, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Hibisco Roxo, traduzido para o português, chegou ao Brasil em 2011.

Comentários de leitores do clube de leitura:

Vocês são demais! Gostei.

Como sempre a reunião foi muito agradável!

Quanto aprendizado com esta turma… Gratidão!

Agradecemos à coordenadora do Clube de Leitura, Terezinha Pereira, pela brilhante condução do projeto e dos releases enviados a cada encontro.

AEAMG