Clube De Leitura AEAMG – Ler Para Tecer

O tema do clube de leitura “LER PARA TECER AEA-MG” é a leitura de livros de romances escritos por autoras brasileiras e também estrangeiras.
Segundo a coordenadora do grupo, Terezinha Pereira, um clube de leitura é um grupo de pessoas que leem o mesmo livro e se reúnem, de tempos em tempos, para conversar sobre cada uma das obras lidas.
No dia 03 de fevereiro de 2022, foi realizado, por videoconferência, o sexto encontro do Clube de Leitura LER PARA TECER AEA-MG. O livro discutido pelos leitores nesse encontro foi “Dias de Abandono”, de uma autora italiana que escreve sob pseudônimo de Elena Ferrante. Quatorze leitores teceram sobre suas experiências, trocaram opiniões, falaram de seus mais diversos sentimentos despertados pela leitura do livro.

Sobre “Dias de Abandono”:
“Uma tarde de abril, logo após o almoço, meu marido me comunicou que queria me deixar”. É assim que começa Dias de Abandono, romance de Elena Ferrante.
Com dois filhos e um cachorro, Mario e Olga viveram na relação de 15 anos com os altos e baixos de um casamento normal. Sem abalos que evidenciassem um término repentino, Olga ouve o discurso de seu marido a anunciar que ele a deixaria naquele momento. Então, pela voz de Olga, o leitor vai desnudando cenas críticas do passado do casal, repassadas até a exaustão pelas urgências do cotidiano dela e de seus dois filhos que havia sido completamente destruído a partir daquele rompimento. Em um corajoso e às vezes violento mergulho existencial, Olga vai aos poucos substituindo um atormentado desejo de redenção por algo ainda desconhecido.
Trechos:
“Você é de hoje, segure-se no hoje, não regrida, não se perca, se segure.
Sobretudo não se abandone aos monólogos absortos ou maldizentes ou odiosos. Apague as exclamações. Ele foi, você fica. Você não terá mais a luz dos seus olhos, suas palavras, mas e daí? Organize as defesas, conserve sua inteireza, não se faça quebrar como um objeto de decoração, como um joguete, mulher nenhuma é um joguete. La femme rompue, ah, rompue, rompe o caralho. A minha tarefa, eu pensava, é mostrar que é possível permanecer sã. Demonstrá-lo a mim mesma, a mais ninguém. Se for exposta aos lagartos, combaterei lagartos. Se for exposta às formigas, combaterei formigas. Se for exposta aos ladrões, combaterei ladrões.
Se for exposta a mim mesma, combaterei a mim.”
Elena Ferrante (?) Dias de abandono. Romance. São Paulo: Biblioteca Azul, 2016. p.54
“O que eu era? Uma mulher enfraquecida por quatro meses de tensão e de dores; certamente não uma maga que, por desespero, segrega um veneno capaz de causar febre no filho homem, matar um lobo doméstico, colocar em desuso a linha telefônica, corroer a engrenagem de uma porta blindada. E vamos lá. As crianças ainda não tinham comido nada. Eu mesma não tinha tomado café da manhã, não tinha me lavado. As horas passavam. Eu tinha que separar as roupas coloridas das roupas brancas. Não tinha mais calcinhas
limpas. Os lençóis sujos de vômito. Passar o aspirador. Faxina.”
Elena Ferrante (?) Dias de abandono. Romance. São Paulo: Biblioteca Azul, 2016. p.114
“Que erro tinha sido fechar o significado da minha existência nos rituais que Mario me oferecia com um prudente sentimento conjugal. Que erro ter entregue o sentido de mim mesma às suas gratificações, aos seus entusiasmos, ao percurso sempre mais frutífero da sua vida. Que erro, sobretudo, crer que não poderia viver sem ele, quando havia tempo que nada me dava certeza de que estivesse viva com ele. ”
Elena Ferrante (?) Dias de abandono. Romance. São Paulo: Biblioteca Azul, 2016. p. 136
“Existir é isso, pensei, um sobressalto de alegria, uma pontada de dor, um prazer intenso, veias que pulsam sob a pele, não há mais nada de verdadeiro para contar.”
Elena Ferrante (?) Dias de abandono. Romance. São Paulo: Biblioteca Azul, 2016. p.182*****
Elena Ferrante é o pseudônimo de uma romancista italiana celebrada pelo mundo afora como uma das mais belas prosas contemporâneas, cuja verdadeira identidade é desconhecida do público. Elena escreve sobre questões íntimas com muita clareza, sem se expor para divulgar seus livros. Sua ficção parece apresentar traços autobiográficos, mas não é possível identificar os pontos comuns entre sua vida e sua obra, uma vez que a escritora se recusa a comentar sua intimidade.
Comentários de leitores do clube de leitura:
– Realmente um grupo muito especial e bem conduzido.
– O grupo como um todo tem trocas enriquecedoras! Muito bom participar dele!
– Concordo com vc! Também gosto muito do nosso grupo.
– Obrigado a cada uma de vocês pelo compartilhamento de ideias e experiências pessoais! Muito rica essa troca! Gosto cada vez mais dos nossos encontros!
– Obrigada a todos por mais um encontro bastante produtivo e reflexivo.
– E eu gostei tanto deste livro!!! Uma personagem forte, apesar dela mesma não saber!!!
Obrigada por mais uma discussão enriquecedora!!!
– Mas o que mais sinto hoje ao ler o livro é uma vontade de abraçar a protagonista e dizer: vai passar. A solidão dela depois do abandono me comove muito.
Acho que estamos sempre correndo o risco de atribuir ao outro a responsabilidade por nossa felicidade. É como se não fossemos “donos da nossa história”, mas sim coadjuvantes…

Próximos livros e datas previstas para discussões:

  • 7 – Tudo é rio. – 24/fevereiro/2022 Autora: Carla Madeira (Brasil) – 210 p.
  • 8 – Niketche – Uma história de poligamia – 31/março/2022 Autora: Paulina Chiziane (Moçambique) – 296p.
  • 9 – Ponciá Vicêncio abril – 28/abril/2022 Autora: Conceição Evaristo ( Brasil) – 200p.

Quer participar também do Clube de Leitura? Entre em contato conosco pelo email aeaminas@aeaminas.com.br .

Associada Lea Sanches

Galeria com associados participantes que estiveram no último encontro.

Att.
Adriana Marinho A. Couto
Diretoria de Comunicação e Marketing
AEAMG

Maria Lúcia A. R. Almeida
Diretoria Socio Cultural
AEAMG

Maurício Marques de Aguiar
Presidente
AEAMG