Release 26º Encontro Clube de Leitura LER PARA TECER – Floradas na Serra
Prezados(as) Associados(as)
No dia 28 de setembro de 2023, foi realizado, por videoconferência, o vigésimo-sexto encontro do CLUBE DE LEITURA LER PARA TECER AEA-MG.
Floradas na Serra, romance da escritora brasileira, Dinah Silveira de Queiroz, foi o livro lido pelos participantes do Clube de Leitura para ser discutido nesse encontro.
Sobre “Floradas na Serra”
O romance Floradas na Serra, lançado em 1939, tem como pano de fundo a tuberculose e seu tratamento, numa época em que a doença ameaçava a saúde pública e mobilizava a sociedade brasileira em função dos altos índices de mortalidade. O livro representou o primeiro grande sucesso da escritora paulista Dinah Silveira de Queiroz (1911-1982) e originou versões para o cinema e para a televisão.
A escritora, que nutria desde a infância forte obsessão pelo óbito por tuberculose, acreditava que seria herdeira do destino de sua avó e bisavó, vítimas da doença. Dinah percorreu seguidos sanatórios, pensões e consultórios médicos localizados na Serra da Mantiqueira para traçar o perfil dos tuberculosos. Como resultado, floresceu a personagem Elza que, no final da adolescência, partiu da cidade de São Paulo em direção às montanhas, levando para Campos do Jordão os pulmões avariados e a esperança de cura.
A autora: Dinah Silveira de Queiroz
Dinah Silveira de Queiroz, romancista, contista e cronista, nasceu em São Paulo, SP, em 9 de novembro de 1911, e faleceu em São Paulo, SP, em 27 de novembro de 1982. Filha de Alarico Silveira, advogado, homem público e autor de uma Enciclopédia brasileira, e de Dinorah Ribeiro Silveira, de quem ficou órfã muito pequena. Foi a segunda mulher a ocupar uma cadeira na ABL-Academia Brasileira de Letras, tendo tomado posse no dia 07 de abril de 1981.
Quem lê Floradas na serra, seu livro de estreia (1939), tem sua atenção despertada por aquela cena em que, ao morrer, um personagem, não querendo contaminar a filha pequena, despede-se dela, à distância, e pede que retirem a fita que prendia o cabelo da menina para beijá-la. A cena se passou na realidade com a escritora. Dona Dinorah veio a falecer aos vinte e poucos anos, deixando duas filhas: Helena e Dinah.
Obras: Floradas na serra, romance (1939); A sereia verde, novela e contos (1941); Margarida la Rocque, romance (1949); A muralha, romance (1954); O oitavo dia (teatro 1956); As noites do morro do encanto, contos (1957); Eles herdarão a terra, ficção científica (1960); Os invasores, romance (1965); A princesa dos escravos, biografia (1966); Verão dos infiéis, romance (1968); Comba Malina, ficção científica (1969); Café da manhã, crônicas (1969); Seleta, (1974); Eu venho, Memorial do Cristo I (1974); Eu, Jesus, Memorial do Cristo II (1977); Baía de espuma, literatura infantil (1979); Guida, caríssima Guida, romance (1981).
Veja a biografia completa no website da Academia Brasileira de Letras (ABL) em https://www.academia.org.br/academicos/dinah-silveira-de-queiroz/biografia e na Wikipédia em https://pt.wikipedia.org/wiki/Dinah_Silveira_de_Queiroz
Trechos do romance
(copiados da edição: Dinah Silveira de Queiroz (1911-1982). Floradas na Serra (romance-1939). Rio de Janeiro: José Olympio. 1976)
“Elza olhava, entretanto, como uma cega, pela janela. Que lhe importava aquele cenário? Acaso não estava caminhando para um desterro? Alguém mais iria com ela, dentro desse vagão, cumprir a mesma pena, irmão na mesma desgraça? Então, de repente, seus olhos, que a magreza aumentara, adquiriram estranha mobilidade. Iam de um passageiro a outro, procurando… Procuravam olhos fundos, ombros furando a roupa, um ar de cansaço, de tristeza. Procuraram inutilmente.” p.1
“−Não feche a janela, menina. Cubra-se quanto quiser, mas aqui o regime é este. Janela aberta!” p.8
−Há de acostumar-se depressa com a familiaridade que se usa aqui. Somos uma espécie de náufragos perdidos numa pequena ilha. O mundo fica longe.” p.32
“Elza viu, como se fosse pela primeira vez, a boca de Flávio. Tinha uns lábios um pouco grossos. O superior avançava e fazia pensar em gula. Uma boca um pouco descorada,ligeiramente gretada pelo frio. Mas uma boca máscula e desejável. Envergonhou-se da descoberta. Flávio parecia sentir o olhar da moça, porque mordeu nervosamente o lábio. Sua mão tocou ligeiramente o braço nu de Elza, que tremeu como se sentisse frio.” p.56-57
Comentários de leitores do clube de leitura:
“Mais uma riqueza de encontro. Agradeço a todos pela partilha de conhecimento e pela indicação do livro.”
“Foi ótimo nosso encontro.”
“Boa noite a todos! Mais um encontro enriquecedor, com trocas de conhecimento, informação e aprendizagem.”
“Um belo livro com linguagem próxima da época, retratando a doença da tuberculose, seu tratamento, sua influência no comportamento das pessoas. Traz o medo, o preconceito, sacrifício de uns e ganância de outros. Todo esse contexto emoldurado pela serra da Mantiqueira, pessegueiros, araucárias, pereiras, seu clima frio, propício para tratamento da doença respiratória, cores e vegetação, caminhadas, cachoeiras.
Ao mesmo tempo, a autora faz da narrativa um estudo psicológico das personagens, em constantes embates, idas e vindas, com qualidades e defeitos. E ainda termina numa obra aberta, cabendo ao leitor a continuidade das ações.”
“Obrigada por mais uma noite muito enriquecedora.”
“Obrigada por mais uma ótima indicação.”
Para conhecer a autora:
https://www.youtube.com/watch?v=uxKg71kmCW0
Próximo livro e data prevista para a próxima discussão:
- 27- O olho mais azul – 26/10/2023
Autora: Toni Morrison (estadunidense)
Os encontros são realizados nas últimas quintas-feiras de cada mês.
O tema do clube de leitura “LER PARA TECER AEA-MG” é a leitura de livros de romances escritos por autoras brasileiras e também estrangeiras.
“Um clube de leitura é um grupo de pessoas que leem o mesmo livro e se reúnem, de tempos em tempos, para conversar sobre cada uma das obras lidas.”
Foto da autora do livro Dinah Silveira de Queiroz
Foto do leitor Alfredo Araújo
Foto de tela dos participantes
AEAMG