Clube de Leitura LER PARA TECER – 8º encontro

Prezados (as) Associados (as)

O tema do clube de leitura “LER PARA TECER AEAMG” é a leitura de livros de romances escritos por autoras brasileiras e também estrangeiras.

” Um clube de leitura é um grupo de pessoas que leem o mesmo livro e se reúnem, de tempos em tempos, para conversar sobre cada uma das obras lidas.”

Abaixo, retransmitimos o relato da coordenadora do projeto, a escritora e também associada, Terezinha Pereira, sobre o 8º encontro do Clube de Leitura.

No dia 31 de março de 2022, foi realizado, por videoconferência, o oitavo encontro do Clube de Leitura LER PARA TECER AEAMG. O livro discutido pelos leitores nesse encontro foi “Niketche – Uma história de poligamia”, da autora moçambicana, Paulina Chiziane.

Sobre “Niketche”:

Niketche – Uma história de poligamia, quarto livro da escritora moçambicana Paulina Chiziane, é narrado em primeira pessoa por Rami e representa não apenas um mergulho na vida dessa personagem, mas principalmente um panorama complexo sobre a difícil situação feminina na sociedade moçambicana. Rami descobre que o marido é polígamo: tem outras quatro mulheres e vários filhos com cada uma. As esposas de Tony estão espalhadas pelo país: em Maputo, em Inhambane, na Zambézia, em Nampula, em Cabo Delgado. Numa decisão surpreendente, Rami decide ir atrás de cada uma dessas mulheres. Desta forma, pela voz de Rami, ficamos sabendo das diversas situações, das lutas e vitórias das personagens femininas e também conhecemos o marido que imaginava poder controlar muitas mulheres na sua vida.

Trechos:

“Poligamia é ser mulher e sofrer até reproduzir o ciclo da violência. Envelhecer e ser sogra, maltratar as noras, esconder na casa materna as amantes e os filhos bastardos dos filhos polígamos, para vingar-se de todos os maus tratos que sofreu com a sua própria sogra.”

Paulina Chiziane. Niketche-uma história de poligamia. (ficção moçambicana) São Paulo: Companhia do Bolso, 2021.p.81

“Amor polígamo é mesmo isto. Ter o homem nos braços a suspirar por outra. Lavar o cavalheiro, remendar-lhe as peúgas e as cuecas, esfregar-lhe os calcanhares, embelezá-lo, perfumá-lo, para ele se exibir bonito nos olhos das outras. Amor polígamo é mastigar a dor como alimento, engolir com saliva e encher a pança. Amor polígamo é a eterna espera. O eterno desespero.”

Paulina Chiziane. Niketche-uma história de poligamia. (ficção moçambicana) São Paulo: Companhia do Bolso, 2021.p.244

“— Se tivéssemos estudado mais, teríamos uma sorte diferente. Poderíamos ter a liberdade de escolher entre o amor e a carreira. Entre a cruz e o calvário. Entre o forno e a frigideira.”

Paulina Chiziane. Niketche-uma história de poligamia. (ficção moçambicana) São Paulo: Companhia do Bolso, 2021.p.271

“Para quê complicar a existência quando a vida é simples? Para quê tramar conflitos terríveis, amores impossíveis, se na vida tudo é mortal e tudo acaba, como as árvores, o fogo, os diamantes? Para quê criar redes para aprisionar almas, pensamentos,

sentimentos, se a vida é simples sopro, é liberdade como a água que corre, o vento que passa, voo de passarinho?”

Paulina Chiziane. Niketche-uma história de poligamia. (ficção moçambicana) São Paulo: Companhia do Bolso, 2021.p.287


Sobre Paulina Chiziane:

Nascida na cidade de Manjacaze, na Província de Gaza, cresceu nos subúrbios de Maputo, em Moçambique. Estudou numa escola primária católica e, depois, em escolas secundárias, onde teve mais contato com valores ocidentais e desenvolveu seu conhecimento da língua portuguesa. Obteve um diploma da Escola Comercial em Maputo. Casou-se aos 19 anos, separando-se poucos anos depois, e teve dois filhos. Realizou estudos de linguística na Universidade Eduardo Mondlane. Na juventude, participou ativamente da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique). Trabalhou com a Cruz Vermelha Internacional durante a guerra civil. Após o fim do conflito, trabalhou no Núcleo das Associações Femininas da Zambézia (NAFEZA). Atualmente presta consultoria ao desenvolvimento de projetos de ajuda internacional com foco em conflitos e defesa dos direitos das mulheres.

Chiziane define-se “contadora de histórias”, e não romancista ou escritora. Ela estreou na literatura em 1984, quando publicou crônicas nas revistas Domingo e Tempo. Escreveu a seguir diversos romances consagrados, como Balada de amor ao vento (1990), Ventos do apocalipse (1993), O sétimo juramento (2000) e O alegre canto do perdiz (2008).

Niketeche: uma história de poligamia (2002) garantiu-lhe o Prêmio José Craveirinha, entregue pela Associação Moçambicana de Escritores ao melhor romance do ano. Neste romance, abordou a questão da “poligamia oculta”, presente numa sociedade na qual as mulheres são dependentes dos homens. A trilogia de contos As andorinhas (2008) centra-se no imperador Ngungunhane, no líder da independência Eduardo Mondlane e na atleta olímpica Lurdes Matola.

Sua literatura denuncia a marginalização das mulheres moçambicanas e contempla dignamente as diferentes esferas culturais moçambicanas, sendo um instrumento de (re)conciliação entre elas.


Comentários de leitores do clube de leitura:

-Esse livro é um tratado sobre o universo feminino, com situações, costumes e decisões que vão do trivial ao inusitado!

-Adorei o encontro, mesmo não tendo terminado o livro. Sempre aprendo muito. Obrigada a todos!

-Obrigada pela troca de ideias!

-Cada dia aprendendo mais!!

-Boa noite turma, muito legal nosso encontro! Gratidão.

-Obrigado pelas contribuições na riqueza da leitura!

-Também amei nosso encontro e compartilhamentos

-Adorei nosso encontro! Este merecia uma hora a mais!

-Participar deste grupo é uma grande oportunidade de aprendizado e reflexão. Acho que não era uma leitora antes deste grupo.

Próximos livros e datas previstas para discussões:

  • 9 – Ponciá Vicêncio abril – 28/abril/2022 – Autora: Conceição Evaristo ( Brasil) – 200p.
  • 10 – Hibisco Roxo – 26/maio/2022 – Autora: Chimamanda Ngozi Adichie (Nigéria) – 256p.
  • 11 – A vida invisível de Eurídice Gusmão – 30/ junho/ 2022 – Autora: Martha Batalha (Brasil) – 192p.

Participe você também do Clube de Leitura “LER PARA TECER”!

 
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