CLUBE DE LEITURA LER PARA TECER – 12º ENCONTRO

Prezado(a)s Associado(a)s,

No dia 28 de julho de 2022, foi realizado, por videoconferência, o décimo-segundo encontro do Clube de Leitura LER PARA TECER AEA-MG. O livro discutido pelos 16 leitores presentes foi “A Distância entre nós”, da autora indiana Thrity Umrigar(2006).

Diversos temas   são abordados no livro: raça, classe social, gênero, sexualidade, aborto, muita riqueza e muita pobreza, religiões e, especialmente, dificuldades e preconceitos em relação ao gênero feminino.  Tudo isso despertou nos leitores os mais diversos sentimentos. Ao discutir o romance, os leitores comentaram que, problemas e dificuldades existentes na Índia, apesar das diferenças regionais e culturais, são semelhantes aos que ocorrem no Brasil, quiçá no mundo, especialmente em relação às mulheres e aos mais pobres.

Sobre “A distância entre nós”:

“A distância entre nó” retrata intimamente um mundo que, embora distante, é muito familiar. Conduzido por duas mulheres dolorosamente reais, este romance mostra como as vidas dos pobres e dos ricos estão intrinsecamente enlaçadas, ainda que afastadas entre si. E capta intensamente o modo pelo qual os laços femininos ultrapassam as divisões de classe e de cultura. Na Bombaim (Mumbai) contemporânea, a empregada doméstica Bhima deixa seu barraco na favela onde mora para cuidar da casa de Sera Dubash, onde trabalha há mais de vinte anos. No apartamento de classe média alta onde a patroa viúva vive com a filha, Dinah, que está grávida, e o genro, Viraf, Bhima faz o seu trabalho lutando contra a dor nas mãos causada pela artrite e também contra a preocupação que toma conta de seu pensamento sua neta, Maya, que também está grávida. Mas, diferentemente de Dinah, ela não é casada e se recusa a revelar a identidade do pai da criança. ‘A distância entre nós’ é apresentado ao leitor como uma complexa encruzilhada de semelhanças e diferenças entre Bhima, a empregada, e Sera, a patroa. Distantes pelas diferenças entre classes, elas se aproximam na condição de mulheres oprimidas, que dedicaram as vidas para cuidar dos outros. O leitor acompanha o cotidiano das duas como senhoras maduras e, na narrativa em flashback, percebe como estas existências vão se construindo juntas, sempre alimentadas por uma relação de atração e repulsa.

O romance tem duas traduções para o português do Brasil: Editora Nova Fronteira, trad. Paulo Andrade Lemos, Rio de Janeiro, 2006 e Editora Globo, trad. Alexandre D’Elia, São Paulo, 2014.

Trechos:

“Mas a tranquilidade, como o amor, não dura para sempre.”p.277

“Talvez o tempo não cure as feridas de jeito nenhum, talvez essa seja a maior mentira de todas. Em vez disso, o que acontece é que cada ferida penetra mais e mais fundo no corpo até que um dia você descobre que a própria geografia dos seus ossos sucumbiu sob o peso das mágoas.” p.65

“Bhima nunca soube que o ódio podia ter uma lâmina tão afiada. Que podia ser tão desconfortável, constante e insistente, como uma pedra num sapato ou uma peça de roupa apertada demais. Tampouco sabia o poder que o ódio tem de subjugar: como se apodera de cada antigo insulto, de cada antiga traição, reunindo tudo isso em nosso estomago num único ponto que queima. Como azeda tudo, parecendo um limão espremido em cima do mundo inteiro.”p.292

“A minha bebida a transformou numa criatura magra e enrugada, e por esse crime serei condenado a repetir muitas vezes esse ciclo infeliz de vida. Não pense que minha embriaguez me impediu de ver o quanto eu a tornei infeliz. A bebida é o beijo dos anjos, mas é também a praga do diabo. Pode esconder, mas também pode revelar e, até cinco dias atrás, minha mulher, eu não sabia que tinha caído tanto na vida e nem como tinha arrastado você comigo. Para mim, ser humilhado em público, no bar, daquela maneira, foi insuportável.”p.256

OBS: os trechos acima foram copiados da edição da Nova Fronteira (Rio de Janeiro: 2006)

Sobre a autora:

Thrity Umrigar nasceu em Bombaim (Mumbai), na Índia, em 1961. Mudou-se para os Estados Unidos aos 21 anos e trabalhou como jornalista por quase 20 anos. Atualmente dá aulas de literatura e escrita criativa na Case Western Reserve University, em Cleveland, e colabora com jornais como o The Washington Post e The Boston Globe. É autora de A hora da história, A doçura do mundo, A distância entre nós, O segredo entre nós, O tamanho do céu e outros.

Comentários de leitores do clube de leitura:

Boa noite a todos!! Mais um encontro proveitoso e prazeroso!! Foi ótimo estar com vocês!!

“Cada dia mais encantada com este grupo. Estou aprendendo muito. Gratidão! Um abraço carinhoso.”

“Marta, fiquei feliz por ter incentivado você a terminar o livro. Tem continuação…..”

“Das melhores, a leitura dessa obra, apesar de toda dor e contrastes culturais. Uma obra pungente e impactante! Obrigado à Terezinha e ao grupo pela rica discussão!”

“Foi muito bom. É sempre delicioso estar nesses encontros cheios de trocas!”

“Encontro enriquecedor. Muito obrigada a todos.”

“Sebastião Aimone AEA-MG,  seus comentários, além de cheios de informações preciosas, são lindamente poéticos! Adoro.”

“Foi ótimo o nosso encontro! Obrigada a todos!!!”

“Bom dia! Pelo livro, eu perdi uma super discussão! Que pena…Mas estou vendo q foi um encontro muito bom, como sempre é. Até o mês que vem com “O Quinze”!

Próximos livros e datas previstas para cada discussão:

  • 13- O quinze . 25 / agosto/ 2022.  Autora: Rachel de Queiroz (Brasil)
  • 14 – Cachorro Velho. 29 / setembro / 2022.  Autora: Teresa Cárdenas (Cuba)
  • 15- Minha vida de menina. 27 /outubro / 2022.  Autora: Helena Morley (Brasil)

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Os encontros são realizados nas últimas quintas-feiras de cada mês.

O tema do  clube de leitura “LER PARA TECER AEA-MG” é a leitura de livros de romances  escritos por autoras brasileiras e também estrangeiras.

 “Um clube de leitura é um grupo de pessoas que leem o mesmo livro e se reúnem, de tempos em tempos, para conversar sobre cada uma das obras lidas.”

Terezinha Pereira – Coordenadora do projeto Clube de Leitura Ler para Tecer

 

Thrity Umrigar

Foto da leitora Rita de Cássia Ponciano

Foto do leitor Sebastião Aimone Braga 

AEAMG